sábado, 5 de maio de 2012

Guerra e Paz - Portinari


Os dois gigantescos painés, pintados por Cândido Portinari por encomenda do governo brasileiro, veio até São Paulo e esteve exposto no Memorial da América Latina.


Guerra e Paz representam sem dúvida o melhor trabalho que já fiz…
… Dedico-os à humanidade…
Portinari para a Agência Reuters, 1957






"Presentes do Governo Brasileiro para a sede da ONU, em NY, os painéis Guerra e Paz foram encomendados no final de 1952 ao pintor. Era uma superfície de 280 metros quadrados, espaço maior do que o do Juízo Final, de Miguel Ângelo, na Capela Sistina.


Contrariando as recomendações médicas, proibido de pintar por sintomas de intoxicação pelas tintas, Portinari aceitou o convite. E no auditório dos estúdios da TV Tupi, durante 4 anos, trabalhou com afinco na confecção de 180 estudos, esboços e maquetes para os murais. Em 5 de janeiro de 1956, Portinari entregava os painéis Guerra e Paz ao Ministro das Relações Exteriores Macedo Soares, para a doação à ONU.


Encomenda entregue. Mas ninguém havia visto ainda os painéis em sua plenitude, nem mesmo o próprio artista. Foi então que começou um movimento de opinião pública, e um grupo de artistas e intelectuais apelou ao Itamaraty para que os painéis fossem expostos no Brasil antes do embarque para os EUA, para que fosse dada uma chance ao público brasileiro de vê-los, pela primeira e derradeira vez.


Assim, Guerra e Paz foram montados lado a lado ao fundo do palco do Theatro Municipal. Muito bem iluminados, e com o teatro praticamente às escuras, ficaram impressionantes. Em fevereiro de 1956, os painéis foram solenemente inaugurados pelo Presidente da República Juscelino Kubitschek, que, na ocasião, entregou a Portinari a Medalha de Ouro de Melhor Pintor do Ano (de 1955) concedida pelo International Fine Arts Council de Nova York.


Grupos de estudantes, operários, moças, velhos, pessoas vestidas simplesmente, uma grande massa que se renovava continuamente, durante todo o dia e pela noite a dentro, lotou o Municipal nos poucos dias de exposição. Todos os jornais deram amplo espaço ao acontecimento. A Imprensa Popular abriu a manchete: “O povo lotou o Municipal para ver os painéis de Portinari”. E registrou em subtítulo: “‘Nunca vi uma coisa assim’, disse o porteiro que distribuía os folhetos à entrada”.


Logo depois de desmontada a exposição, os painéis foram enviados à ONU. No entanto, somente em 6 de setembro de 1957, após dois imensos caixotes contendo a obra ficarem no porão da instituição durante um ano e seis meses, Guerra e Paz foram finalmente doados à ONU em cerimônia oficial.


Devido ao envolvimento de Portinari com o Partido Comunista, Portinari não foi convidado a comparecer à cerimônia, sendo representado pelo chefe da delegação brasileira na Organização, o Embaixador Cyro de Freitas-Valle, que afirma: “Com pesar não o vejo hoje entre nós”. E acrescenta: “Desejo salientar um ponto: o Brasil está oferecendo hoje às Nações Unidas o que acredita ser o melhor que tem para dar”.


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