Quando tive o primeiro contato com o trabalho de Aleksandr Ródtchenko achei a proposta interessante, porém um pouco fria demais.
Fui então até a Pinacoteca de São Paulo conhecer um pouco mais suas obras, mesmo porque, além de fotografo, Ródtchenko enveredou-se por vários campos das artes e isso com certeza refletiu em seu trabalho.
Já na abertura da exposição é notável a poesia de cada imagem e a dança entre concreto e pessoas criam uma atmosfera ao mesmo tempo planejada e casual.
A mostra Aleksandr Ródtchenko: revolução na fotografia apresenta diferentes características de seu inovador trabalho fotográfico. De fotomontagens a reportagens, que podem ser vistas em obras como Crise (1923), Autocaricatura (1922) e A Primeira Cavalaria (1935); de estudos arquitetônicos a retratos de seu círculo familiar e artístico, como em Banho (1929), Varvara Stepânova (1937) e Retrato da mãe (1924), com destaque para os famosos retratos do poeta Vladimir Maiakóvski; do encurtamento perspectivo, exibido em Barcos (1926) e Degraus (1929) à representação do movimento humano exibida nas obras Corrida de cavalos (1935), Campeões de Moscou (1938) e Coluna da Sociedade Esportiva Dinamo, 1932 (1935); e, finalmente, o princípio de fotografar a partir de pontos altos e baixos, criando os “ângulos de Ródtchenko” como em Pioneiro (1930), Escada de incêndio (1925) e Reunião para uma manifestação (1928). As séries de fotomontagens feitas para capas de revistas como Novi LEF e Dal ochi Pionier, cartazes e anúncios, outro destaque de sua obra, também poderão ser vistas na exposição.
Para a curadora Olga Svíblova, “em 1924, a fotografia foi invadida por Ródtchenko com o slogan ‘Nosso dever é experimentar’ firmado no centro de sua estética. O resultado dessa invasão foi uma mudança fundamental nas ideias sobre a natureza da fotografia e o papel do fotógrafo”.
Ródtchenko aliou a experimentação formal a preocupações documentais sobre a vida política e social da União Soviética em seu período inaugural, dos anos de Lênin até o regime repressor iniciado por Stálin (que o colocou no ostracismo nos seus últimos 20 anos de vida). “Ele introduziu a ideologia construtivista na fotografia e desenvolveu métodos e instrumentos para aplicá-las”, completa Olga.
Fonte: Pinacoteca do Estado de São Paulo
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